Um anjo em Viena
Sempre acreditei em anjos. Mas aquele momento poderia ter saído do roteiro de um filme de Wim Wenders. Pois, embora estivéssemos em Viena, um anjo materializou-se para ajudar uma mortal.
Chegamos em Viena no mesmo dia que uma frente fria. A garoa fina e persistente trouxe, além da baixa temperatura (sensação térmica de 3o C), uma umidade que despertou minha rinite e me levou a nockout.
Era simplesmente impossível sair. Meu corpo precisava de repouso.
Tínhamos 2 dias em Viena mas nem o clima nem minha rinite melhorariam rápido o suficiente para que pudéssemos aproveitar a cidade plenamente.
No entanto, eu queria muito visitar o Palácio de Schönbrunn. Por isso, em nosso último dia, aproveitamos um momento pela manhã em que a chuva havia estiado e um tímido sol tentava aparecer através das nuvens.
Um anjo em Viena
Estávamos na estação do tram olhando o mapa e nos certificando da direção em que deveríamos seguir, quando um senhor portando sobretudo e chapéu se aproximou e falou algo em alemão.
Ao notar que eu não entendia o idioma, passou a falar inglês. Questionava o que eu procurava.
“Estou vendo como chegar ao Palácio de Schönbrunn”, respondi.
Ele apoiou o indicador na boca e pensou por uns instantes. Depois, deu-me a informação mais detalhada que eu poderia querer e terminou enfatizando: “Não desça na estação Schönbrunn pois você terá que caminhar um longo percurso sem nada para ver! Desça na estação Hietzing pois você caminhará para o palácio através de seus jardins. Um passeio muito mais agradável!”.
Sem dúvidas ele foi meu anjo em Viena!
Pois a estação Hietzing é a estação indicada para quem deseja visitar o Tiergarten Schönbrunn (Jardim Zoológico de Schönbrunn). Porém, como vim a descobrir, seu acesso permite que o visitante caminhe pelos jardins imperiais gratuitamente.
Que momentos agradáveis aquele desconhecido me proporcionou. Afinal, chegar a Schönbrunn passeando por seus jardins é, realmente, a forma mais bonita e tranquila de fazê-lo.
Pois uma vez dentro do imenso palácio a agitação impera com os grupos de turistas e seus guias andando apressadamente para percorrer os 22 luxuosos cômodos do Tour Imperial.
Sentados na cafeteria, enquanto como um apfelstrudel (um tipo de folhado de maçã) com um café, comento com D. sobre os anjos do filme “As Asas do Desejo” do Wim Wenders e a coincidência de termos encontrado esse anjo em Viena. Justo no momento da viagem em que eu estava fisicamente debilitada. E brinco: “Com certeza de que era um anjo! Eu vi as asas por baixo do sobretudo.”
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