Polvo no varal em uma ilha grega
Olhando a foto do polvo no varal recordo de nosso dia de praia em Antíparos, uma pequena ilha grega com praias paradisíacas.
Chegamos no pier de Pounda a tempo de pegar a balsa que já ia partir. Não que perdê-la fosse um grande transtorno, mas ficaríamos retidos ali naquele ponto por trinta minutos. Trinta preciosos minutos de um tranquilo dia de sol em uma das centenas de ilhas gregas ofuscadas por Mykonos e Santorini.
O responsável pelo embarque, sinaliza para que D. pare a scooter alugada na área destinada a motos. A travessia levará no máximo 10 minutos, mas faço questão de ir para o piso superior para ver a balsa se afastar do atracadouro.
D. sobe logo em seguida mas me conduz para a proa da balsa. A ele não interessa o que fica em Paros, mas o que vem a frente.
Durante a curta travessia para Antíparos, vemos a tradicional cúpula azul de uma igreja e, completando o cenário, as casas brancas naquele estilo tão característico das cíclades.
Antíparos:
Já em terra firme, seguimos a indicação do gps de nos manter à esquerda da estrada. Nosso destino é Agios Georgios.
No entanto, aproveitando a sensação de liberdade que uma moto (em nosso caso, scooter) é capaz de criar, desligamos o gps e colocamos em prática o Σιγά σιγά (sigá sigá) que, em bom português, quer dizer “sem pressa”.
Assim, ao ver a indicação de uma placa, saímos da estrada principal e seguimos por uma estrada de terra até chegar em uma praia.
Ninguém ao redor e à nossa frente o Mar Mediterrâneo. Praia com água calma, cristalina, de um azul indescritível e solo pedregoso. Ficamos ali relaxando e reinando soberanos até que 2 casais em quadriciclos, acabam com o silêncio enquanto invadem nosso paraíso. Como diria Sartre: O inferno são os outros.
Terminamos de nos secar ao sol e retomamos a estrada à moda antiga; olhando o caminho e lendo indicações em placas.
Na chegada na vila de Agios Georgios ignoramos o ponto de partida para Despotiko. Afinal, nosso interesse não está no passado histórico do sítio arqueológico.
Avistando o polvo no Varal na ilha grega:
Nosso foco está no presente. Mais especificamente em um barco trazendo pescados que já começam a ser limpos na beira da praia. Ali ao lado, no restaurante, um funcionário pendura os polvos frescos para secar no beiral da varanda.
Curiosamente, tanto eu quanto D. crescemos no litoral e aprendemos que para deixar o polvo macio, é preciso congelá-lo para “quebrar as fibras de sua carne”. No entanto, na Grécia, além de “dar uma surra no polvo”, eles o penduram num varal como roupa para secar. Esse ritual também o torna macio. Diferentes povos, diferentes culturas, diferentes formas de ver a vida.
Foi assim que, na simplicidade de uma vila de pescadores, tivemos essa experiência cultural deliciosa: Comer o polvo (que saiu do varal) em uma ilha grega.