Nas ilhas flutuantes dos Uros
É nossa primeira manhã em Puno e estamos indo visitar as Ilhas Uros. Apesar de o dia estar um pouco frio, o céu está lindamente azul. Olho para a água. Não é cristalina como em Copacabana mas está tão tranquila que personifica a expressão “espelho d’água”.
A totora, um tipo de junco que cresce abundante por todos os lados, deixa apenas uma passagem por onde o barco navega lenta e silenciosamente pelo lago sagrado.
O guia passa algumas informações para o grupo:
– Para não serem escravizados, os Uros se embrenharam em meio a totora no Titicaca vivendo escondidos em balsas. Posteriormente, tiveram a engenhosidade de construir as ilhas flutuantes. Apesar de os Uros buscarem manter suas tradições, há alguns anos, foram instaladas células de energia solar nas ilhas.
D., cético com a visita às chamadas ilhas flutuantes, olha distraído a paisagem através da janela; um cenário bem mais convidativo que o interior do barco. Mas observo, com decepção, que em uma das ilhas já existe alteração do processo construtivo com a substituição do tradicional telhado de junco pela telha metálica.
Já estamos chegando a nosso destino e o guia continua falando:
– Existe escola para crianças aqui nas ilhas mas depois de uma certa idade, elas passam a frequentar as escolas em Puno.
Em uma das ilhas dos Uros:
Finalmente o barco atraca e desembarcamos em uma ilha tradicional onde tudo é construído com junco: a ilha, as casas, os bancos, os barcos… Lar de 5 famílias que partilham espaços e valores com uma intrínseca lógica comunitária.
É estranho caminhar sobre as macias camadas de junco. Apenas alguns passos e já estamos cansados. Por sinal, o cansaço tem sido nosso companheiro nos últimos dias. A 4.300 metros estamos sentindo os efeitos da altitude. Por isso, caminhamos devagar, bebemos água, usamos vários produtos a base de coca… Tudo para minimizar os efeitos do chamado soroche.
Já acomodados num banco de junco, ouvimos uma saudação em dialeto aimara. O guia traduz a explicação sobre o processo de fabricação das plataformas que constituem a base da ilha.
A engenhosidade do processo de construção impressiona até o cético D. mas demonstra-se um trabalho sem fim pois, embora uma ilha leve em torno de 12 meses para ficar pronta, como o junco é perecível, novas camadas devem ser acrescentadas periodicamente.
Em seguida, encerrando a visita, um rápido momento de interação divide os visitantes pelas famílias e cria oportunidade de renda.
Enquanto nos conduz a casa, a mulher aponta com orgulho para uma célula solar junto a cabana construída com junco. Uma conquista recente para os moradores das ilhas flutuantes.
– Luz, diz sorridente.
E com satisfação acende única lâmpada para que eu possa conhecer sua cabana e ver a prateleira com alguns artesanatos para venda.
P.S.: As construções que não são de junco, são os banheiros das flutuantes ilhas dos Uros.
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